Agreste Empreendedor
O Agreste surpreende. Num estado marcado
pela dicotomia entre um próspero setor de serviços na Região
Metropolitana do Recife e um polo fruticultor consolidado no Sertão do
São Francisco, o Agreste de Pernambuco venceu as adversidades de uma
natureza maltratada pelo homem e da falta de grandes projetos
estruturadores públicos, e se tornou um elo pulsante da economia
estadual. Para retratar esse quadro, o Jornal do Commercio (Recife) fez uma série de reportagens denominada Agreste Empreendedor que aborta diversos aspectos dessa vitalidade e cuja leitura me parece essencial para se entender a dinâmica espacial da área:
Essas histórias de empreendedores que
começaram quase do nada e hoje tem atuação destacada nos seus nichos
econômicos são inspiradoras para a população pernambucana afetada pela
crise do “desgoverno” de Dilma.
O crescimento relativo do Produto Interno
Bruto (PIB) do Agreste demonstra o efeito coletivo do esforço, empenho e
do sonho dos indivíduos e de suas famílias. O espírito empreendedor e a
disposição para o trabalho são transmitidos de geração em geração,
fazendo com que os negócios germinados pela vontade e pela intuição
adquiram novos insumos de conhecimento, com filhos que saem para estudar
e retornam com novas ideias e visões de mundo. Melhor para a qualidade
dos produtos e para a competitividade das empresas.
Os números provam o diferencial da
região. Entre 2004 e 2014 – último ano de dados consolidados pelo IBGE –
o Agreste foi o lugar que mais se desenvolveu em Pernambuco, com uma
média de crescimento de 5,2% ao ano. No mesmo período, a média estadual
foi de 4,1%. Assim, foi a área que mais cresceu, saindo de 14,1% para
15% na participação do PIB estadual, graças ao significativo aumento de
66,5% na produção de bens e serviços em apenas uma década, sem nenhum
grande parque industrial instalado. E por cima das dificuldades da
estiagem prolongada (retratada na série Agreste Seco), da falta de segurança, da falta de infraestrutura e da recessão. Um desempenho impressionante.
O polo de confecções é o segundo maior do
setor no país. Desdobra-se por 10 municípios, e emprega mais de 100 mil
pessoas. Somente no Moda Center de Santa Cruz do Capibaribe, trabalham 10 mil vendedores ligados a 5 mil confecções. A riqueza do Agreste se transformou num case nordestino, que merece ser mais exposto e compreendido.
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