Agamenon na cheia

Uma foto da Agamenon Magalhães durante a cheia de 1975, retirada da página Recife de Antigamente do Facebook. O último prédio da esquerda, segundo informações publicadas na referida página, é o Hospital da Restauração e o com a antena a EMBRATEL:


Na postagem em que essa foto foi publicada alguns comentários valem a pena ser preservados, pois são bem representativos da vivência desse evento extremo pelo qual nossa cidade passou (corrigi a ortografia e pontuação de alguns):

Nesta cheia, eu era militar do 4° Batalhão de Polícia do Exército, em Olinda, Casa Caiada. Trabalhei durante toda a enchente, transportando pacientes de hospitais públicos para o Hospital da Aeronáutica e para outros que não foram afetados pela enchente. Só ia no quartel, para abastecer o ENGESA 6x6 e fazer alimentação. Eu, meu amigo, José Maria Martins, e a Dr Isabel trabalhamos muito, mas valeu a pena ajudar nossos conterrâneos. (Geese Oliveira)

Nesse dia da cheia, tentei andar até bairro do Cajueiro, onde morava! Pra encurtar caminho entrei e fui cortando pelo Parque 13 de maio. Tudo alagado! Tentei subir num muro que circundava o parque e me agarrei num daqueles postes de metal. O que não esperava era que o poste estava vazando eletricidade. Tomei uma descarga de não sei quanto milhões de volts! Quem me salvou foi um esmoler, puxando minha língua que já estava contraída na minha garganta! Eu estava com minha irmã e meu primo e o esmoler nos mandou pro quartel que ficava do outro lado da rua, onde passamos a noite! E os militares nos ofereceram leite quente e três camas de lona! Bendito sejam eles e bendito seja o anjo da guarda vestido de esmoler que salvou a minha vida!
 
Elisa Martins, não, nunca mais o encontrei! Ele só me salvou e indicou o quartel bem na frente e simplesmente sumiu! O interessante foi que nessa tormenta de chuva e enchente, só estava eu, minha irmã e o meu primo! O homem surgiu de repente do nada e sabia exatamente o que deveria fazer pra me salvar! Com a carga elétrica eu fui jogada longe! Me lembro que perdi os sentidos e voltei quando ele meteu a mão na minha boca e puxou a minha língua que já estava enrolada e dificultando a minha respiração e tudo! Posso dizer que morri! Pois vi um túnel escuro, e um clarão sumindo e diminuindo! Escutei ele falar: "puxa a língua dela pra fora, senão ela vai morrer" e ele puxou! Retornei com meu grito revivendo! Desse dia em diante, acredito em anjo da guarda! (Elena Fletcher)

Estava tendo aula na Católica, quase não chego na Imbiribeira com o povo correndo da cheia e os ônibus lotados... (Heleno Silva)

Eu lembro, trabalhava em Casa Forte. Os bombeiros foi quem nos tirram de lá e nos levaram para o apartamento do irmão da minha patroa que, se não estou enganada, ficava no Rosarinho. Foi muito triste e apavorante; eu não parava de chorar com medo, da janela agente via passar móveis, animais; até hoje está na minha memória. (Maria Zita)

Passei por tudo isso confinado em um apartamento no bairro da Madalena, tinha apenas 5 anos. (Johnny Ayres)

Passei a noite dentro d'agua, a casa que morávamos desabou...pense num sufoco e as cobras nos arrodeando. (Rute Sousa)

Estava aí num caminhão Mercedes do Setor de Hidrogeologia prestando socorro às vítimas. (Lourinaldo Batista)

Na rua em que morava, em Casa Forte, a água chegou à 2,20m de altura. (Paulo Rogério da Mata)

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